Após mais de um ano de espera por causa da pandemia, Wes Anderson estreia “A Crônica Francesa” nos cinemas brasileiros em 18 de novembro. Selecionado para o Festival de Cannes, o filme da Searchlight Pictures e Indian Paintbrush é ambientado na redação de uma revista americana com sede numa cidade fictícia francesa do século XX, e apresenta uma coleção de histórias publicadas no veículo.
Segundo Anderson, diretor de longas como “Os Excêntricos Tenenbaums” e “O Grande Hotel Budapeste”, o novo filme é “uma coleção de contos, algo que sempre quis fazer; um filme inspirado na The New Yorker e o tipo de repórter que sempre foi conhecido por suas publicações; e, tendo passado muito tempo na França ao longo dos anos, sempre quis fazer um filme francês, e um filme que fosse relacionado ao cinema francês”.
O diretor é fã da The New Yorker desde sua adolescência, quando se tornou leitor regular da revista. “Quando dividíamos um quarto na universidade”, diz o ator Owen Wilson, “ele lia [a revista] o tempo todo, o que era bastante incomum. Acredito que ele não era assinante, porque isso estaria fora do seu alcance financeiro, mas ficava completamente absorvido por aquela revista. Que presente atencioso a todos aqueles escritores”.
Anderson reforça que a grande estrela do enredo de “A Crônica Francesa” é a palavra escrita, que acontece em muitos níveis diferentes. “Tem o que você vê na tela, tem as legendas, tem a textura da revista e tem a importância do relacionamento dos editores da revista com a forma de escrever. O herói de toda história é um escritor”, explica o diretor.
Os locais
Após considerar a possibilidade de criar a cidade de Ennui-sur-Blasé na sala de edição a partir de várias locações, Anderson e sua equipe decidiram se estabelecer na cidade de Angoulême, na região sudoeste da Nova-Aquitânia.
“Angoulême tinha a antiguidade a arquitetura adequadas, mas, mais especificamente, tinha todas as curvas, esquinas, escadas e pequenos viadutos; todo esse empilhamento vertical único de marcos históricos. Isso produzia belos quadros e também sugeria certas áreas de Paris, Lyon e outras cidades francesas”, diz o designer de produção Adam Stockhausen.
Em Angoulême, Anderson e sua equipe encontraram uma antiga fábrica de feltro que transformaram em um estúdio de cinema em miniatura, montando uma oficina de construção, uma oficina de criação de maquetes e dois cenários.
De uma forma ou de outra, os caminhos de “A Crônica Francesa” também levam ao Kansas, estado do centro-oeste dos Estados Unidos que atravessa o filme. Por um lado, o nome em inglês da publicação centro da trama é “The French Despatch of the Liberty Kansas Evening Sun”, uma clara referência às origens dos criadores da lendária The New Yorker.
Harold Ross, o cofundador da revista e William Shawn, seu sucessor, foram inspiração para o personagem de Bill Murray no filme e são ambos nativos do centro-oeste. “Para mim, o Kansas é o lugar mais norte-americano dos Estados Unidos”, diz Anderson.
Outra referência? “Uma Obra-Prima Concreta”, a primeira história prolongada apresentada no filme, é enquadrada por uma conferência da autora da história, J.K.L. Berenson (Tilda Swinton) em um centro cultural do Kansas.
Alinhado com os demais filmes de Wes Anderson, “A Crônica Francesa” segue as características de enquadramento do diretor, no estilo de dioramas vivos. “Quando li o roteiro, já nas primeiras trinta páginas ficou claro para mim que cada frase exigia um novo set. Isso veio diretamente da animação, onde cada cena é realmente seu próprio cenário e há uma atenção microscópica constante para cada detalhe visual”, explica Weisblum.
O produtor Jeremy Dawson acrescenta: “Acho que neste filme havia cerca de cento e trinta sets diferentes, a maior criação de set e preparação de cenários que já fiz. Cada um tinha seu próprio estilo e a única maneira de fazer isso de forma econômica era mantar as coisas bem próximas umas das outras, reutilizando coisas sempre que possível e fazer isso de maneira inteligente… e ter uma equipe de design de produção extraordinariamente talentosa liderada por Adam Stockhausen e sua incrível equipe francesa, todos esses artesãos e criadores de placas e artistas de cenário de ópera. Todos eles fizeram um trabalho incrível”.
As histórias
O filme começa com o falecimento do adorado editor Arthur Howitzer Jr., da revista A Crônica Francesa — uma publicação dos Estados Unidos de ampla circulação com sede na cidade francesa de Ennui-sur-Blasé. Com isso, a equipe da redação se reúne para escrever seu obituário e as lembranças de Howitzer fluem em quatro histórias. Saiba mais sobre elas:
“O tour de Sazerac”, por Ennui-sur-Blasé (Owen Wilson)
Tour numa cidade antiga que fica em uma colina, com antigas torres de uma catedral e estreitas ruas de paralelepípedos que serpenteiam entre velhas estruturas de pedra. O local possui seu charme e deterioração, sua vida noturna e seu submundo, e é onde todas as épocas parecem se dissolver na essência eterna da França que flui como as águas do vizinho Rio Blasé.
“Uma Obra-Prima Concreta”, de J.K.L. Berensen (Tilda Wilson)
A história revela a obra do pintor criminoso Moses Rosenthaler (Benicio Del Toro e, quando jovem, Tony Revolori), que é impiedosamente promovida e vendida a preços cada vez mais astronômicos para o negociante de arte Julian Cadazio (Adrien Brody) e seus tios (Bob Balaban e Henry Winkler). A obra-prima em que Moses vem trabalhando há anos é inspirada em sua carcereira e musa Simone (Léa Seydoux) e é revelada em uma grande fanfarra a um impaciente mundo da arte, incluindo o renomado colecionador e potencial comprador de seu trabalho de Kansas, Upshur “Maw” Clampette (Lois Smith).
“Revisões para um Manifesto”, de Lucinda Krementz (Frances McDormand)
Um relato pessoal de reivindicações e paixões, de origem políticas e sexuais que empurram a juventude romântica desencantada de Ennui para a guerra com seus professores adultos, iniciando uma greve geral tumultuada que leva ao fechamento de todo o país. Os carismáticos herói e heroína de Krementz são os líderes trágicos do movimento: o sonhador Zeffirelli (Timothée Chalamet) e a inflexível Juliette (Lyna Khoudri).
“A Sala de Jantar Privada do Policial”, de Roebuck-Wright (Jeffrey Wright)
Perfil designado a ele pelo lendário chef Nescaffier (Stephen Park), que trabalha sob o comando do policial de Ennui-sur-Blasé (Mathieu Amalric), inesperadamente a matéria se transforma em uma angustiante história de suspense contrarrelógio. Isto acontece quando um grupo de bandidos liderados por “The Chauffeur” (Edward Norton) sequestra o amado filho e ajudante de polícia na resolução de crimes, Gigi (Winsen Ait Hellal), e ameaça matá-los se o contador de organizações criminosas locais (Willem Dafoe), recentemente preso, não for libertado.
Conheça agora um pouco mais dos personagens do filme:
Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray)
Bill Murray vive Arthur Howitzer Jr., o respeitado fundador e editor de A Crônica Francesa, do grupo Liberty Kansas Evening Sun, que foi encontrado morto devido a um aparente ataque cardíaco em seu escritório na redação da revista, localizada na cidade de Ennui-sur-Blasé, França.
Moses Rosenthaler (Benicio Del Toro)
Benicio Del Toro dá vida ao pintor preso Moses Rosenthaler, um dos protagonistas de “Uma Obra-Prima Concreta”, que é louco e começa a produzir arte na cadeia.
Zeffirelli (Timothée Chalamet)
Timothée Chalamet interpreta Zeffirelli, o líder do movimento estudantil na história “Revisões para um Manifesto”, versão refratada de Anderson de um dos eventos centrais da história francesa do século XX: os acontecimentos de Maio de 68, quando os protestos estudantis levaram a um movimento em massa que paralisou todo o país.
Herbsaint Sazerac (Owen Wilson)
Owen Wilson dá vida a Herbsaint Sazerac, o intrépido jornalista de ciclismo, atraído pelos aspectos mais perturbadores e indesejáveis das cidades remotas que visita.
Lucinda Krementz (Frances McDormand)
Frances McDormand interpreta Lucinda Kremetnz, uma solitária ensaísta que protege sua integridade jornalística com a mesma fidelidade de suas paixões particulares em “Revisões para um Manifesto”.
Simone (Léa Seydoux)
A atriz francesa Léa Seydoux dá vida à musa de Rosenthaler, Simone, após o conhecer na prisão onde trabalha como carcereira em “Uma Obra-Prima Concreta”.
Roebuck Wright (Jeffrey Wright)
Jeffrey Wright é Roebuck Wright, um solitário erudito expatriado com uma memória tipográfica, descoberto e regatado por Howitzer em circunstâncias humilhantes.
Chef Nescaffier (Stephen Park)
Stephen Park interpreta o lendário chef Nescaffier, que trabalha sob o comando do delegado de Ennui-sur-Blasé em “A Sala de Jantar Privada Policial”.
Com informações da assessoria de imprensa da Searchlight Pictures.