O forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico, Fórum de Antropologia e Cinema chega à 26ª edição e acontece até o dia 20 de novembro, no Cine Humberto Mauro e no Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte. A programação é gratuita e em formato híbrido, com atividades presenciais e online.
Neste ano, a programação conta com a exibição de 65 filmes, distribuídos em três mostras e sessões de homenagens, além da realização do seminário “Imagens Indígenas do Sul e do Norte: cinemas yanomami-inuit” e masterclasses. Também acontece os lançamentos dos livros “Sob os tempos do equinócio”, de Eduardo Góes Neves e “O Sorriso de Nanook – Ensaios de Antropologia e Cinema”, de Marco Antônio Gonçalves.
Para a organizadora e curadora, Júnia Torres, a diversidade faz parte da história do do forumdoc.bh. “O festival do filme documentário e etnográfico tem na diversidade seu conceito central. Diversidade de olhares e filmes realizados em diferentes contextos. Temos interesse por outras formas fílmicas, filmes-performances, ficções, filmes diários que estabelecem um diálogo produtivo e profícuo com as questões mais presentes e relevantes de nosso tempo histórico. Acompanhamos a grande diversificação do cinema brasileiro nas duas últimas décadas e meia, sendo testemunha de uma explosão muito importante e interessante das autorias e protagonismos de pessoas, artistas, grupos e coletivos antes afastados da possibilidade de produção cinematográfica”, explica.
Mostra Contemporânea Brasileira
A Mostra Contemporânea Brasileira reúne 35 títulos nacionais produzidos entre 2021 e 2022. São filmes que propõem novas formas plásticas e narrativas, que têm transformado a produção contemporânea. O objetivo da mostra é apresentar ao público um panorama do documentário recente, ampliando a visibilidade das autorias fílmicas para diversos segmentos étnicos, raciais, geográficos e de gênero.
Mais de 460 realizadores inscreveram seus trabalhos e a seleção das obras foi realizada pelas cineastas Milena Manfredini e Maya Da Rin e pelos pesquisadores Ewerton Belico e Paulo Maia. O recorte final apresenta filmes de viés ensaístico, performáticos e outros que se debruçam sobre uma única personagem sem se tornarem, no entanto, filmes-retrato no sentido mais clássico.
Mostra Imagens Indígenas do Sul e do Norte: Cinemas Yanomami-Inuit
A relação entre os cinemas realizados por povos originários da Amazônia e do Ártico é o tema desta mostra. Composta por 18 filmes, propõe uma confluência entre os povos Yanomami, da Amazônia e Inuit, povo originário do Ártico. Fazem parte da mostra produções realizadas em diferentes partes do mundo, que exemplificam um processo de retomada da produção e circulação das próprias imagens destes povos. Também estão na programação filmes colaborativos entre cineastas indígenas e não-indígenas.
Os povos do Grande Norte – personificados no povo Inuit – e os povos do Sul – personificados nos Yanomami – têm proposto outros modelos de criar e contar suas histórias, levando em conta a sua relação com os territórios, o fazer coletivo, as tradições e o mundo ocidental.
No ano que completa o seu centenário, será exibido o filme “Nanook, o Esquimó (1922)”, de Robert Flaherty. A obra, além de ser a primeira realizada no Ártico, é considerada o primeiro clássico do cinema etnográfico. Além dos filmes, há um seminário com a participação de realizadores, pesquisadores e curadores indígenas e não-indígenas, com o intuito de fomentar o encontro e a reflexão impulsionada pelas exibições.
Especiais
Entre as exibições especiais e outras atividades, há sessões cujos filmes associam a pesquisa em linguagem documental às questões do nosso tempo histórico. Destaque para “Sertânia” (2018), de Geraldo Sarno, e títulos estrangeiros que compõem a Mostra Contemporânea Internacional. O festival também conta com a homenagem ao documentarista, pesquisador e crítico de cinema francês, Jean-Louis Comolli, que faleceu em maio de 2022, aos 80 anos.
O filme “Os Espíritos Do Koniambo – Na Terra Kanak” (2004), de Comolli, será exibido dia 16 de novembro (quarta-feira), às 20h30, seguido de uma mesa de debate com a presença da pesquisadora Cláudia Mesquita e dos pesquisadores César Guimarães e Ruben Caixeta. O documentarista também será homenageado com a publicação de textos e entrevistas no catálogo do forumdoc.bh.2022 no site.
Destaca-se ainda trabalho de UYRA, entidade vivida pela artista indígena contemporânea, Emerson Pontes, convidada para se apresentar e compor a identidade visual do forumdoc.bh.2022.
Filmes online
Além da programação presencial, o festival exibe uma seleção de documentários na plataforma Itaú Cultural Play, com foco em temas e realizadoras indígenas. A seleção é composta por cinco filmes da Mostra Cinemas Colaborativos e Autorias Indígenas, sendo um média-metragem, um longa e três curtas.
“Abdzé Wede’õ – O Vírus tem Cura” (2021), de Divino Tserewahú, que fala de como os Xavantes viveram a pandemia; “Território Pequi” (2021), de Takumã Kuikuro, que conta os símbolos e as práticas em torno desse fruto, o pequi; “Nhe‘en-mongarai – Batismo da Alma” (2021), de Alberto Alvares, que registra vários costumes, entre eles a cerimônia em que as crianças Guarani Mbya são nomeadas; “Fôlego Vivo” (2021), da Associação dos Índios Cariris do Poço Dantas Umari, com depoimentos de lideranças do povo Cariri; e “Adeus, Capitão” (2022), de Vincent Carelli e Tatiana Almeida (Tita), em que o líder do povo Gavião conta sua biografia.
Os filmes permanecem disponíveis para streaming até 22 de novembro (terça-feira), com exceção de “Adeus, Capitão”, que estreia no dia 19 (sábado), às 20 horas, e fica até o dia 21 (segunda-feira), no mesmo horário.
SERVIÇO
26ª forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico, Fórum de Antropologia e Cinema
Até 20 de novembro de 2022
Gratuito
Mais informações e programação completa aqui.