Filme Represa no Festival de Roterdã
Reportagem de Síria Mapurunga, da Rádio Universitária FM, de Fortaleza
O único longa-metragem brasileiro em competição no Festival Internacional de Cinema de Roterdã é dirigido pelo cineasta gaúcho Diego Hoefel, professor do Departamento de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Represa” estreou no último domingo (29 de janeiro) e integra a mostra Bright Future, que reúne uma seleção de primeiros longas-metragens de seus diretores. Inspirado nas paisagens da velha e da Nova Jaguaribara, no sertão do Ceará, onde famílias foram removidas para a construção do açude Castanhão, Hoefel explorou a imagem das ruínas da antiga cidade, que começaram a emergir a partir de 2015, após anos de sucessivas secas.
“[O filme] é um pouco pensando a relação entre essas duas cidades que a gente foi criando essa história, que é uma história também de uma relação entre dois irmãos: um irmão que vem do Sul e um irmão que foi criado no interior e que foi deixado para trás quando a mãe teve que fugir da família”, explica o diretor. “Então são esses dois irmãos, que agora se conhecem muitos anos depois, tendo que lidar com a herança da mãe. Na verdade, se entender como família. Essa história da cidade serve um pouco como um espelho das duas cidades para falar sobre essas duas histórias que se cruzam”.
Lucas, o protagonista de “Represa”, atravessa o Brasil e desembarca no sertão cearense com a ideia de vender um terreno que pertenceu à sua mãe, quando ainda viva. Para isso, precisa se aproximar de Robson, um irmão que nunca conheceu e que foi criado naquela cidade. O encontro dos dois é difícil e Lucas decide se aproximar de Josy, filha de Robson. Ao saber da história da avó, a menina desaparece e obriga os irmãos a se unirem para tentar encontrá-la.
Segundo Hoefel, o elenco do filme foi formado em parte com atores e não-atores. “O ator que faz o personagem que vem do Sul chama Renato Linhares, e o ator que faz o irmão dele [Gil Magalhães], de Jaguaribara, é na verdade um não-ator que a gente conheceu na própria cidade e que a gente fez toda uma formação para que ele pudesse atuar no filme”, explica. “Então, esse registro das formas diferentes de se colocar está também dado pelos próprios corpos dos atores, e pela forma de relação”. O cineasta acrescenta que a intenção de convidar Gil Magalhães teve o intuito de incorporar na história os relatos e memórias dos que viveram o processo de remoção da antiga cidade.
O Festival de Roterdã é um dos mais importantes e antigos festivais de cinema do mundo. A programação segue até 5 de fevereiro. Além de “Represa”, o filme “A Longa Viagem do Ônibus Amarelo”, de Júlio Bressane, será exibido fora de competição, na mostra Harbour.
Com informações da Radioagência Nacional.
Filme Represa no Festival de Roterdã
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