O filme mineiro “As Linhas da Minha Mão”, dirigido por João Dumans (“Arábia”), foi eleito melhor longa-metragem da Mostra Aurora na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Pelo segundo ano seguido um trabalho do estado vence a competição. A cerimônia de encerramento, realizada na noite de 28 janeiro, revelou a escolha de um documentário sensível e experimental, que aposta no corpo, na voz e no carisma de sua personagem — a atriz e performer Viviane de Cássia Ferreira — para falar de afetos, vivências, saúde mental e relações urbanas.
O prêmio foi concedido pelo Júri Oficial, formado por críticos, pesquisadores e profissionais do audiovisual. No texto de justificativa, apontou-se, entre os méritos de “As Linhas da Minha Mão”, “um cinema que convida a desenquadrar o sujeito para além de uma categoria, de conceito ou signos fechados. O quadro se torna a abertura de uma pessoa que a todo momento desafia a noção de bordas, expande limites e se prova uma fabuladora maior que a vida.”
O Prêmio Helena Ignez, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino em qualquer função nos filmes das Mostras Aurora e Foco, foi dado a Edna Maria, atriz protagonista do filme paraibano “Cervejas no Escuro”. Em sua justificativa, o Júri defende a “espontaneidade como a marca de interpretação com precisão cinematográfica. Mais do que possibilitar o filme, a presença radiante de uma atriz muda uma comunidade”.
O Troféu Carlos Reichenbach, dado pelo Júri Jovem ao melhor longa da Mostra Olhos Livres, foi para “O Canto das Amapolas” (RJ), mais novo filme de Paula Gaitán (“Diário de Sintra”), uma das grandes realizadoras em atividade no cinema brasileiro. Na justificativa, o Júri Jovem, formado por estudantes, defendeu o trabalho do filme “que nasceu de uma necessidade bruta de se entregar ao mistério das imagens – não apenas uma fresta: abre todas as janelas que por tanto tempo sua mãe pedia para fechar”.
No Júri Popular, escolhido em votação pelos espectadores da Mostra de Tiradentes, o longa mais votado foi “A Filha do Palhaço” (CE), dirigido por Pedro Diógenes (“Inferninho”). Já “Nossa Mãe era Atriz” (MG), de André Novais Oliveira e Renato Novaes (ambos de “Ela Volta na Quinta”), foi escolhido pelo público como melhor curta.
Curta vencedor
Na Mostra Foco, o Júri Oficial escolheu o curta-metragem “Remendo” (ES), de Roger Hill. Para os jurados, “esse filme desenrola-se de um modo criativo, em diálogo estreito com a forma como nos relacionamos e nos construímos enquanto povo e coletividade. Desenho de som inventivo, direção de arte apurada, diálogos inteligentes e estrutura bem arquitetada fornecem o alicerce para um senso de humor sem fronteiras que brinca com clichês e expressa uma arqueologia de mídias audiovisuais”.
“Remendo” também ganhou o Prêmio Canal Brasil de Curtas, que oferece R$ 15 mil a um curta da Mostra Foco em júri formado pelo próprio canal com profissionais da imprensa que atuam na cobertura do festival. A editora do cinematório, Kel Gomes, fez parte do júri.
Prêmio Brasil CineMundi
Iniciada em 2022 e de volta em 2023, a Conexão Brasil CineMundi contou com a categoria Work In Progress (WIP), a partir de projetos enviados previamente e analisados por um júri especial. “O Estranho” (SP), de Flora Dias e Juruna Mallon, venceu o Prêmio O2 Play “pela narrativa que apresenta uma personagem com um olhar fora do comum – alguém que ocupa constantemente o espaço da história – atrelada a uma fotografia de olhar simples mas que incita a reflexão do espectador”. Vale lembrar que “O Estranho” terá sua estreia mundial em fevereiro, no Festival de Berlim.
Por sua vez, “As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ), com direção de Lucas Parente, levou o Prêmio DOT The End. Oferecido pelo Festival de Málaga na Conexão Brasil CineMundi, a categoria WIP Exibição foi para “Idade da Pedra” (SP), de Renan Rovida.
Confira todos os premiados da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes:
– Melhor curta-metragem pelo Júri Oficial, Mostra Foco: “Remendo” (ES), direção de Roger Hill
– Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Remendo” (ES), direção de Roger Hill
– Prêmio Helena Ignez para destaque feminino: Edna Maria, atriz, “Cervejas no Escuro” (PB)
– Melhor longa-metragem pelo Júri Jovem, da Mostra Olhos Livres, Prêmio Carlos Reichenbach:
“O Canto das Amapolas” (RJ), de Paula Gaitán
– Melhor longa-metragem da Mostra Aurora, pelo Júri Oficial: “As Linhas da Minha Mão” (MG), direção de João Dumans
– Melhor longa-metragem pelo Júri Popular: “A Filha do Palhaço” (CE), direção de Pedro Diógenes
– Melhor curta-metragem pelo Júri Popular: “Nossa Mãe Era Atriz” (MG), direção de André Novais Oliveira e Renato Novais Oliveira
– Prêmio O2 Play: “O Estranho” (SP), direção de Flora Dias e Juruna Mallon
– Prêmio DOT The End: “As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ), direção de Lucas Parente
– Prêmio Festival de Málaga: “Idade da Pedra” (SP), direção de Renan Rovida