Resistindo às adversidades causadas pela pandemia e, principalmente, ao esvaziamento das salas de cinema, o INDIE 2023 acontece em Belo Horizonte, de 25 a 31 de maio, celebrando a criatividade e a invenção de autores como João Canijo, Bas Devos, Angela Schanelec, André Téchiné, Abbas Fahdel, Ira Sachs, Jerzy Skolimowski, Laura Citarella e muito mais.
Em sua 21ª edição, o festival terá suas sessões exibidas no Centro Cultural Unimed-BH Minas, que conta com duas modernas salas de cinema inauguradas no ano passado. Realizado pela Zeta Filmes e com curadoria de Daniella Azzi e Francesca Azzi, o INDIE 2023 apresenta na capital mineira 21 longas, realizados em 13 países, divididos nos programas Mostra Mundial, Première e Sessão Clássica (datas e horários no site oficial). No primeiro, 10 filmes contemporâneos fazem sua estreia no Brasil.
Destaque no Festival de Berlim deste ano (confira nossa cobertura especial), o cineasta português João Canijo dirigiu dois filmes que se relacionam e se refletem como um espelho. Em “Mal Viver”, vencedor do Urso de Prata – Prêmio do Júri na Berlinale, o foco são cinco mulheres de uma mesma família, de diferentes gerações, que administram um antigo hotel familiar em decadência. Já em “Viver Mal”, o foco são os hóspedes do mesmo hotel em um fim de semana e seus dramas e conflitos. As duas obras juntas, e a mudança de ponto de vista narrativo, fazem deste um dos lançamentos cinematográficos mais interessantes do ano.
Outro filme da Mostra Mundial do INDIE 2023 com uma proposta diferente de experiência de cinema é “Trenque Lauquen”, da diretora argentina Laura Citarella. Um filme de quatro horas, mas divido em duas partes, em que a protagonista é a cientista Laura, uma espécie de Sherlock Holmes feminina, em busca de histórias de vida de outras mulheres que eram desconhecidas, ou escondidas, em uma pequena e pacata cidade argentina.
Da sofisticada diretora alemã Angela Schanelec, o público do festival pode ver “Music”, Urso de Prata de Melhor Roteiro na Berlinale 2023, livremente inspirado no mito de Édipo. Já do belga Bas Devos, o INDIE apresenta “Here”, Prêmio de Melhor Filme na mostra Encounters da Berlinale deste ano — um filme que, segundo os curadores, “traz a humanidade possível e a calma entre as pessoas, a natureza e as diferenças”.
E tem mais: aos 80 anos, e em plena atividade, o veterano diretor francês André Téchiné (“As Irmãs Bronte”, “Rosas Selvagens”) traz “Almas Gêmeas”, com Noemie Merlant e Benjamin Voisin vivendo dois irmãos quando um deles perde a memória. A seleção traz também “Contos da Casa Roxa”, último filme da trilogia libanesa do diretor iraquiano Abbas Fahdel. O refúgio na sua casa no Líbano junto com a pintora Nour Ballouk revela dois olhares vivendo o Líbano contemporâneo e sua grande crise política e econômica.
A Mostra Mundial do INDIE 2023 conta ainda com dois diretores estreantes: a mongol Qiao Sixue com “The Cord Of Life”, filmado na Mongólia Interior; e o chinês Kong Dashan com a comédia sci-fi absurda “Journey to the West”.
Pré-estreias e clássicos
Outra seção do INDIE muito procurada, a mostra Première traz cinco filmes em pré-estreia que em breve vão estar no circuito brasileiro. Destaque para a estreia nacional de “Passages”, do diretor americano Ira Sachs (“Deixe a Luz Acesa”). É mais um filme do cineasta com roteiro do brasileiro Mauricio Zacharias, desta vez rodado em Paris, com os atores Franz Rogowski, Ben Whishaw e Adèle Exarchopoulos. Na trama, um casal, novas experiências e o narcisismo destruindo tudo.
Outra oportunidade de ver antes da estreia no circuito é para “EO”, do diretor polonês Jerzy Skolimowski, lançado no Festival de Cannes de 2022, onde recebeu o Prêmio do Júri. O longa também concorreu ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023. Protagonizado por um burro que percorre um trajeto da Polônia à Itália, “EO” é uma homenagem de Skolimowski ao aclamado filme francês, de 1966, “A Grande Testemunha” (Au Hasard Balthazar), de Robert Bresson.
O que nos leva a programação da Sessão Clássica, dedicada aos filmes clássicos e cults em cópias recém-restauradas. Além do filme de Bresson, o INDIE 2023 traz na sua programação a estreia da cópia digital restaurada em 4k do primeiro filme do diretor português Pedro Costa, “O Sangue”. Realizada em 1989, em 35mm, a obra traz a história de dois irmãos e um segredo.
E em homenagem ao gênio Jean-Luc Godard, falecido em setembro de 2022, o INDIE exibe seu primeiro filme, “Acossado”, realizado em 1960. O programa traz ainda outros clássicos em preto e branco como “Estranhos no Paraíso” (1984), de Jim Jarmusch, “Hiroshima Meu Amor” (1959), de Alain Resnais, e “Stromboli” (1950), de Roberto Rossellini.
Todas as sessões do INDIE 2023 têm entrada franca. O festival traz também dois filmes com recursos de acessibilidade com Libras, audiodescrição e legenda descritiva: “Acossado”, de Godard, que será exibido em duas versões, com acessibilidade e sem acessibilidade; e o filme argentino “O Futuro Perfeito”, de Nele Wohlatz.
Com informações da assessoria de imprensa do INDIE.