"Trenque Lauquen" (2022), de Laura Citarella - Divulgação
"Trenque Lauquen" (2022), de Laura Citarella - Divulgação

Com filmes inéditos no Brasil, INDIE 2023 exibe panorama do cinema autoral mundial

Resistindo às adversidades causadas pela pandemia e, principalmente, ao esvaziamento das salas de cinema, o INDIE 2023 acontece em Belo Horizonte, de 25 a 31 de maio, celebrando a criatividade e a invenção de autores como João Canijo, Bas Devos, Angela Schanelec, André Téchiné, Abbas Fahdel, Ira Sachs, Jerzy Skolimowski, Laura Citarella e muito mais.

Em sua 21ª edição, o festival terá suas sessões exibidas no Centro Cultural Unimed-BH Minas, que conta com duas modernas salas de cinema inauguradas no ano passado. Realizado pela Zeta Filmes e com curadoria de Daniella Azzi e Francesca Azzi, o INDIE 2023 apresenta na capital mineira 21 longas, realizados em 13 países, divididos nos programas Mostra Mundial, Première e Sessão Clássica (datas e horários no site oficial). No primeiro, 10 filmes contemporâneos fazem sua estreia no Brasil.

Destaque no Festival de Berlim deste ano (confira nossa cobertura especial), o cineasta português João Canijo dirigiu dois filmes que se relacionam e se refletem como um espelho. Em “Mal Viver”, vencedor do Urso de Prata – Prêmio do Júri na Berlinale, o foco são cinco mulheres de uma mesma família, de diferentes gerações, que administram um antigo hotel familiar em decadência. Já em “Viver Mal”, o foco são os hóspedes do mesmo hotel em um fim de semana e seus dramas e conflitos. As duas obras juntas, e a mudança de ponto de vista narrativo, fazem deste um dos lançamentos cinematográficos mais interessantes do ano.



"Viver Mal" (2023), de João Canijo - Divulgação
“Viver Mal” (2023), de João Canijo – Divulgação

Outro filme da Mostra Mundial do INDIE 2023 com uma proposta diferente de experiência de cinema é “Trenque Lauquen”, da diretora argentina Laura Citarella. Um filme de quatro horas, mas divido em duas partes, em que a protagonista é a cientista Laura, uma espécie de Sherlock Holmes feminina, em busca de histórias de vida de outras mulheres que eram desconhecidas, ou escondidas, em uma pequena e pacata cidade argentina.

Da sofisticada diretora alemã Angela Schanelec, o público do festival pode ver “Music”, Urso de Prata de Melhor Roteiro na Berlinale 2023, livremente inspirado no mito de Édipo. Já do belga Bas Devos, o INDIE apresenta “Here”, Prêmio de Melhor Filme na mostra Encounters da Berlinale deste ano — um filme que, segundo os curadores, “traz a humanidade possível e a calma entre as pessoas, a natureza e as diferenças”.

E tem mais: aos 80 anos, e em plena atividade, o veterano diretor francês André Téchiné (“As Irmãs Bronte”, “Rosas Selvagens”) traz “Almas Gêmeas”, com Noemie Merlant e Benjamin Voisin vivendo dois irmãos quando um deles perde a memória. A seleção traz também “Contos da Casa Roxa”, último filme da trilogia libanesa do diretor iraquiano Abbas Fahdel. O refúgio na sua casa no Líbano junto com a pintora Nour Ballouk revela dois olhares vivendo o Líbano contemporâneo e sua grande crise política e econômica.

A Mostra Mundial do INDIE 2023 conta ainda com dois diretores estreantes: a mongol Qiao Sixue com “The Cord Of Life”, filmado na Mongólia Interior; e o chinês Kong Dashan com a comédia sci-fi absurda “Journey to the West”.

Pré-estreias e clássicos

"Passages" (2023), de Ira Sachs - Divulgação
“Passages” (2023), de Ira Sachs – Divulgação

Outra seção do INDIE muito procurada, a mostra Première traz cinco filmes em pré-estreia que em breve vão estar no circuito brasileiro. Destaque para a estreia nacional de “Passages”, do diretor americano Ira Sachs (“Deixe a Luz Acesa”). É mais um filme do cineasta com roteiro do brasileiro Mauricio Zacharias, desta vez rodado em Paris, com os atores Franz Rogowski, Ben Whishaw e Adèle Exarchopoulos. Na trama, um casal, novas experiências e o narcisismo destruindo tudo.

Outra oportunidade de ver antes da estreia no circuito é para “EO”, do diretor polonês Jerzy Skolimowski, lançado no Festival de Cannes de 2022, onde recebeu o Prêmio do Júri. O longa também concorreu ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023. Protagonizado por um burro que percorre um trajeto da Polônia à Itália, “EO” é uma homenagem de Skolimowski ao aclamado filme francês, de 1966, “A Grande Testemunha” (Au Hasard Balthazar), de Robert Bresson.

O que nos leva a programação da Sessão Clássica, dedicada aos filmes clássicos  e cults em cópias recém-restauradas. Além do filme de Bresson, o INDIE 2023 traz na sua programação a estreia da cópia digital restaurada em 4k do primeiro filme do diretor português Pedro Costa, “O Sangue”. Realizada em 1989, em 35mm, a obra traz a história de dois irmãos e um segredo.

E em homenagem ao gênio Jean-Luc Godard, falecido em setembro de 2022, o INDIE exibe seu primeiro filme, “Acossado”, realizado em 1960. O programa traz ainda outros clássicos em preto e branco como “Estranhos no Paraíso” (1984), de Jim Jarmusch, “Hiroshima Meu Amor” (1959), de Alain Resnais, e “Stromboli” (1950), de Roberto Rossellini.

Todas as sessões do INDIE 2023 têm entrada franca. O festival traz também dois filmes com recursos de acessibilidade com Libras, audiodescrição e legenda descritiva: “Acossado”, de Godard, que será exibido em duas versões, com acessibilidade e sem acessibilidade; e o filme argentino “O Futuro Perfeito”, de Nele Wohlatz.

Com informações da assessoria de imprensa do INDIE.