O Cinema do IMS (Instituto Moreira Salles) apresenta a mostra “Demarcação das telas e revolução das imagens: celebrando a produção audiovisual indígena no Brasil”. A retrospectiva se debruça sobre as últimas décadas de produção cinematográfica de autoria e coautoria indígena no Brasil e é um desdobramento da exposição “Xingu: contatos”, que esteve em cartaz no IMS Paulista até 9 de abril.
Com curadoria de Graci Guarani, Takumã Kuikuro e Christian Fischgold, a seleção apresenta 30 filmes dirigidos ou codirigidos por cineastas indígenas de todas as regiões do país. A mostra teve início em 25 de abril, na cidade de São Paulo, e segue em cartaz ao longo do mês de maio.
O objetivo da retrospectiva é reforçar a importância política, social, econômica e estética do cinema para os povos indígenas, apresentando uma extensa variedade de linguagens, divididas em seis eixos temáticos: Imagens-espírito, Resistência política, Meio ambiente, Animações, Linguagens artísticas e Clássicos.
“Atualmente, cerca de 90% das comunidades indígenas brasileiras possuem seu próprio cineasta. Esses artistas transformaram suas comunidades em poderosos centros de produção de imagens, e ocuparam uma posição importante no intercâmbio da produção simbólica, fortalecendo significativamente uma cadeia produtiva com diversas possibilidades de formação e atuação”, comentam os curadores da mostra.
Entre os títulos apresentados, estão “Zawxiperkwer Ka’a — Guardiões da floresta” (2019), de Jocy Guajajara e Milson Guajajara, “ATL — Acampamento Terra Livre” (2017), de Edgar Kanaykõ Xakriabá, “Kaapora — O chamado das matas” (2020), de Olinda Muniz Wanderley, e “Yarang Mamin” (2019), de Kamatxi Ikpeng, que trazem uma perspectiva da importância do audiovisual como ferramenta para a luta política, a proteção do território, a reivindicação de direitos e a relação das comunidades indígenas com o meio ambiente.
Outros destaques são os clássicos do cinema indígena brasileiro realizados nas décadas de 1990 e 2000, como “Wapté Mnhõnõ — A iniciação do jovem Xavante” (1999), de Divino Tserewahú, e “Shomõtsi” (2001), de Wewito Piyãko, além de produções contemporâneas e mais recentes, como “Tamuia” (2021), de Denilson Baniwa, e “Karaiw a’e wà” (2022), de Zahy Tentehar.
Também serão exibidos trabalhos que ressaltam a apropriação das linguagens técnicas dos filmes de animação como exemplos do acionamento das culturas visuais indígenas, que dialogam com um público ainda mais abrangente.
Para os curadores da mostra, a ideia foi “priorizar a diversidade temática, territorial, de deslocamentos e pertencimentos das obras selecionadas. Se a literatura e as artes visuais indígenas consolidaram nomes singulares de qualidade indiscutível, foi o trabalho com o audiovisual que melhor se integrou à paisagem social das comunidades indígenas no Brasil, uma vez que se trata das formas de ouvir e enxergar (áudio/visual) o que está no princípio de suas culturas.”
Confira a programação completa aqui.
Com informações da assessoria de imprensa do IMS.