"Sertânia" (2018), de Geraldo Sarno - Divulgação
"Sertânia" (2018), de Geraldo Sarno - Divulgação

CCBB recebe retrospectiva inédita do diretor Geraldo Sarno

Um dos mais respeitados diretores e roteiristas do país, Geraldo Sarno (“Sertânia”) ganha uma retrospectiva inédita no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, de 17 de junho a 9 de julho, e no Rio de Janeiro, 19 de julho a 7 de agosto. Com entrada gratuita, a mostra traz a mais completa amostragem da obra de Sarno, com a exibição de 26 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, de ficção e documentário.

Com curadoria de Ewerton Belico e Leonardo Amaral, a mostra celebra a obra deste cultuado diretor, que imprimiu nos seus filmes diversas faces da cultura brasileira, como a religiosidade popular, a literatura de cordel, os santeiros, a memória do cangaço, a migração nordestina e a herança sertaneja.

Registro da Caranava Farkas - Divulgação
Registro da Caranava Farkas – Divulgação

Trajetória política



No início da carreira, depois de se mudar da Bahia evitando a perseguição política pela ditadura militar, o cineasta fez parte da Caravana Farkas, conjunto de documentários produzidos pelo fotógrafo e diretor Thomas Farkas entre 1964 e 1969, revelando aspectos marcantes da realidade brasileira.

Na retrospectiva em cartaz no CCBB, o público terá a oportunidade única de assistir títulos raros no circuito comercial, como “Viramundo” (1965),  que mostra a chegada de nordestinos à cidade de São Paulo; “Coronel Delmiro Gouveia” (1978), que conta a história de um homem rico e influente que decide ingressar na carreira política contra os tradicionais mandachuvas de Recife; e “Dramática Popular” (1968), que aborda a literatura de cordel e manifestações como zabumba, dança do maribondo e o bumba-meu-boi.

A programação exibe ainda os filmes “Vitalino/Lampião” (1969), sobre a obra do escultor popular Mestre Vitalino; “Segunda-feira” (1975), realizado na Feira de Caruaru (PE), onde esmiúça as particularidades desses mercados a céu aberto; “Eu Carrego o Sertão Dentro de Mim” (1980), com narração baseada em texto de João Guimarães Rosa; “A Terra Queima” (1984), em que o Nordeste é uma questão nacional em muitos sentidos; e o último trabalho de Sarno, o premiado “Sertânia” (2018), longa que projeta a mente febril e delirante do sertanejo Antão.

Arte, história e religião

O diretor também mostra seu interesse pela religião popular em títulos como “Viva Cariri!” (1969) e “Deus é um Fogo” (1992). Das relações entre literatura, história e cinema, Sarno dirigiu obras como “Semana de Arte Moderna” (1972), que aborda o que ficou definitivamente sepultado naqueles sete dias de 1922 e o que permaneceu vivo até hoje, ressaltando o significado de Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Di Cavalcanti; e “Casa Grande & Senzala”(1978), sobre o livro de Gilberto Freyre, publicado em 1933.

O cineasta adaptou também obras de Monteiro Lobato em “O Picapau Amarelo” (1972); de Balzac/Waldo Vieira no “Último Romance de Balzac” (2010); e do General Abreu e Lima em “Tudo Isto Me Parece um Sonho (2008).

A Retrospectiva Geraldo Sarno inclui ainda duas novas digitalizações de filmes com escassas exibições nas últimas décadas: “Iaô” (1976), realizado junto ao Ilê Axé Ató Ilé, no Recôncavo Baiano; e “Plantar nas Estrelas” (1979), documentário de Sarno feito em Moçambique.

"Iaô" (1976), de Geraldo Sarno - Divulgação
“Iaô” (1976), de Geraldo Sarno – Divulgação

Debates e catálogo

Para completar a programação, serão realizadas duas mesas de debates presenciais, criando um panorama histórico e reflexivo sobre a obra do cineasta.

Já o catálogo da Retrospectiva Geraldo Sarno conta com fotos e textos do acervo pessoal de Sarno, recuperados e digitalizados pelo projeto “A Linguagem do Cinema”, coordenado por Rayssa Coelho em parceria com o próprio diretor.

Confira a programação completa e mais detalhes nos sites do CCBB-SP e do CCBB-Rio.