"A Praga" (2023), de José Mojica Marins - Divulgação/Elo Studios
"A Praga" (2023), de José Mojica Marins - Divulgação/Elo Studios

Filme inédito do Zé do Caixão será lançado nos cinemas em julho

A partir do próximo dia 6 de julho, amantes do cinema de horror terão oportunidade de assistir na telona à cópia restaurada do último trabalho inédito de José Mojica Marins, o nosso Zé do Caixão — trata-se de “A Praga”, filme que chegou a ser dado como perdido, mas que foi resgatado, restaurado e remasterizado para finalmente encontrar os fãs do diretor, um dos mais respeitados cineastas do gênero não só aqui, mas em todo o mudo.

A primeira exibição de “A Praga” aconteceu em 2021, durante o 54º Festival de Cinema de Sitges, na Espanha. O filme não parou por aí e esteve presente em mais sete festivais, entre eles, a 42ª edição do Fantasporto, em Portugal, o Toronto Film Festival, o Festival do Rio e a primeira edição do Sinistro Film Festival, em Fortaleza. Agora, com distribuição da Elo Studios, o filme, produzido por Eugenio Puppo, da Heco Produções, terá estreia no circuito comercial, em todo o Brasil. Confira o trailer:



Inicialmente, “A Praga” foi concebido como um episódio do programa “Além, Muito Além do Além”, escrito por Rubens Francisco Lucchetti e exibido pela TV Bandeirantes entre 1967 e 1968. Esta primeira versão da história se perdeu em um incêndio na emissora e, em 1980, Mojica decidiu refilmá-la, mas não conseguiu concluir o trabalho.

Após mais de 15 anos empenhado na recuperação das obras de Mojica, Eugenio Puppo finalmente conseguiu encontrar os rolos de filme originais do projeto, que eram considerados perdidos. Sabendo da grande afeição do mestre pela obra, o produtor trabalhou na correção de cores, remasterização sonora, trilha musical e até na inclusão de dublagem, já que as gravações das vozes originais não foram encontradas.

A história do processo de restauro de “A Praga” em 4K foi registrada em um curta-metragem documental que antecede a exibição do filme. “Todo o cuidado que tivemos com a recuperação do filme foi importante para não deixar que ele se perdesse através da história. Fizemos de tudo para manter a autenticidade, oferecer ao público algo muito próximo do que tínhamos encontrado, com a veracidade de um autêntico filme de Mojica”, afirma Puppo. “Quando me contava sobre os vários trabalhos que não conseguiu concluir, ele sempre fazia referências ao ‘A Praga’. Agora, finalmente o filme terá um lançamento à altura de sua importância.”

"A Praga" (2023), de José Mojica Marins - Divulgação/Elo Studios
“A Praga” (2023), de José Mojica Marins – Divulgação/Elo Studios

Diferente de outros trabalhos de Mojica, em “A Praga”, ele não aparece como ator, e sim, como um narrador que convida a audiência a mergulhar na assustadora história de Juvenal (Felipe Von Rhein), um jovem que, ignorando os perigos de se aproximar de uma velha senhora, provoca-a e é amaldiçoado por sua ira. Começa, então, uma corrida desesperada na tentativa de se livrar da praga e sobreviver aos horrores proferidos pela bruxa.

Antes de “A Praga”, o público é apresentado aos bastidores da história no curta “A Última Praga de Mojica”, dirigido por Puppo ao lado de Cédric Fanti, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira. Por meio de um relato íntimo sobre seu trabalho com Mojica, o produtor guia a audiência por imagens do diretor atrás das câmeras, preparando sua fala e se concentrando para entrar em cena. Em 2022, o curta foi exibido no 27º É Tudo Verdade, no 33º Curta Kinoforum, no 24º FestCurtasBH e no 17º Shorts México.

"A Praga" (2023), de José Mojica Marins - Divulgação/Elo Studios
Divulgação/Elo Studios

Mojica é considerado um pioneiro do cinema de horror brasileiro e um dos maiores cineastas do país, tendo dirigido dezenas de longas-metragens e séries para televisão. Seus filmes mais famosos são repletos de violência gráfica e costumam tratar do sobrenatural e do oculto.

Mais conhecido por seu personagem Zé do Caixão, ele se consagrou como ícone do horror com a trilogia composta pelos filmes “À Meia-Noite eu Levarei sua Alma” (1964), “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1967) e “Encarnação do Demônio” (2008). Mojica morreu em 19 de fevereiro de 2020. Seu último trabalho foi na antologia “As Fábulas Negras” (2015), dirigindo o segmento “O Saci”.