Com o tema “Pachamama”, a Mãe Natureza, o 21º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – Cinemato, que acontece de 22 a 28 de outubro, traz um total de 30 filmes de 20 estados brasileiros, divididos nas Mostras Competitivas de longas e curtas e nas Mostra Inclusivas Paradiso e Cinema Escola.
O evento também presta uma homenagem a Dira Paes: a atriz retorna ao festival onde foi premiada pela primeira vez em sua carreira como atriz, em 1997, quando recebeu o troféu Coxiponés. Em 2023, Dira estreia como diretora do filme “Pasárgada”, em fase de finalização.
O Cinemato abre com “Pureza”, último trabalho da Dira no cinema, dirigido pelo paulista Renato Barbieri, que também estará presente na abertura. Premiado em 19 países, o longa conta a história verídica de Pureza Lopes Loyola que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar seu filho e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo.
Para o idealizador e curador do festival, o cineasta e produtor, Luiz Borges, a programação do Cinemato deste ano representa a diversidade recente da produção brasileira audiovisual. “O painel de filmes que competem ao Troféu Coxiponés vem dos mais diversos cantos do país. Até pouco tempo atrás a produção se centrava no eixo Rio-São Paulo. Este ano temos filmes do Amazonas, Rio Grande do Sul, Paraná e do Mato Grosso dentre outros”, observa o anfitrião do festival e também curador.
Longas em competição
A mostra competitiva de longas-metragens traz sete concorrentes ao Troféu Coxiponés e também o aporte financeiro no valor de R$ 15 mil. A produção mato-grossense, “Beatriz Vira-Folhas”, de Samantha Col Debella, faz a sua première mundial no Cinemato. A obra narra a trajetória de uma menina de 10 anos, que enfrenta uma mudança de cidade no meio do ano letivo e os desafios na adaptação. Neste contexto e para superar suas dificuldades, a criança cria um mundo mágico. Também do Mato Grosso vem “Chumbo”, de Severino Neto, exibido no Cine PE, o filme denuncia a exploração da mão de obra de quilombolas por uma usina de álcool como se eles fossem escravos.
Já o cearense “Mais Pesado é o Céu”, de Petrus Cariry, conquistou em Gramado, um dos festivais mais tradicionais do país, quatro prêmios: melhor direção, melhor fotografia, melhor montagem e prêmio especial do júri. Protagonizado por Matheus Nachtergaele e a atriz cearense Ana Luiza Rios, sua história gira em de um casal de andarilhos do sertão cearense que encontra um bebê abandonado. A partir deste lugar, a família constituída nessas condições caminha em busca de dias melhores.
Outro que também está iniciando sua trajetória em festivais é o filme paranaense “Entrelinhas”, de Guto Pasko, que se passa nos anos 1970. A protagonista é uma estudante presa e torturada pela ditadura militar. Já estreou no Cine PE, em Recife, com cinco premiações: melhor atriz, melhor direção de arte, melhor montagem, melhor edição de som e melhor direção. Ele será exibido para o público pela segunda vez no Cinemato.
Do Rio Grande do Sul vem “Mesmo que Tudo Dê Errado, Já Deu Tudo Certo”, de Laís Chaffe. Exibido no Festival Guarnicê de Cinema, no Maranhão, e no Santos Film Fest, em São Paulo, o documentário mostra a vida de Maria Valéria Rezende, um dos maiores nomes da literatura contemporânea brasileira, rotulada como “freira feminista e comunista”.
O longa mineiro “Tudo o que Você Podia Ser”, de Ricardo Alves Jr, valoriza a amizade. Através de um recorte de um último dia da atriz Aisha Brunno em Belo Horizonte, o filme tece um retrato afetuoso sobre a família que a gente escolhe constituir. Já foi exibido no Queer Porto, em Portugal, e no Festival do Rio, onde foi premiado.
O documentário paulista “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, foi o vencedor da 55ª edição do Festival de Brasília. O filme acompanha a expedição realizada pela Funai em 2019 na floresta amazônica, com o objetivo de localizar índios isolados da etnia Korubo. A expedição foi comandada por Bruno Pereira, indigenista assassinado no Vale do Javari, em junho passado, junto com o repórter britânico Dom Phillips.
Seleção de curtas
Já a competição de curtas-metragens traz 14 obras. O vencedor, além do troféu Coxiponés, receberá aporte financeiro de R$ 4 mil.
Os temas dos filmes, em sua maioria, dialogam com o tema do festival, “Pachamama”. São eles: “Cacica – A Força da Mulher Xavante”, de Jade Rainho e Carolina Rewaptu (MT), “Cem Pilum – A História do Dilúvio”, de Thiago Morais (AM), “Fantasma Neon”, de Leonardo Martinelli (RJ), “A Indômita Revolta dos Morangos Assassinos”, de Emília Top´Tiro e Olavo Fernandes (MT); “Ewé de Òsányín: o Segredo das Folhas”, de Pâmela Peregrino (BA); “Cicatriz Tatuada”, de Eugênio Lima, Gabriela Miranda e Matheus Brant (SP); “O Fim da Imagem”, de Gil Baroni (PR); “Firmina”, de Izah Neiva (SP); “Promessa de um Amor Selvagem”, de Davi Mello (SP); “Urubá”, de Rodrigo Sena (RN); “Procuro Teu Auxílio Para Enterrar Um Homem”, de Anderson Bardot (ES); “Das Águas”, de Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo (PE); “Bixas Pretas: Entre o Amor e os Afetos”, de Diego Cavalcante (MT); e “Cotidiano”, de Juliana Capilé (MT).
Encerramento
No encerramento, dia 28, o festival trará para o público uma programação especial só com exibição de filmes matogrossenses, como “Poéticas do Agora” de Ângela Fontana, Carol Araújo e Marithê Azevedo, que faz parte da Mostra Hors-Concours, e a pré-estreia do “O Anel de Eva”, de Duflair Barradas.
Os espectadores ainda poderão assistir ao curta “Barrados no Baile – Angelus Novus, na boca da noite anuncia a derrocada do anti-cristo”, de Luiz Borges de Luiz, e “Abdzé Wede’Õ”, de Divino Tserewahú. Logo após será realizada a cerimônia de premiação.
Toda a programação do evento está disponível no site do festival.
Com informações da assessoria de imprensa do Cinemato.