O filme brasileiro “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro, recebeu o Grande Prêmio do Júri na 75ª edição do Festival de Berlim. O troféu, um Urso de Prata, é o segundo mais importante da premiação, atrás apenas do Urso de Ouro de Melhor Filme, que ficou com o norueguês “Dreams (Sex Love)” (Drømmer), de Dag Johan Haugerud (confira todos os vencedores). A cerimônia de premiação oficial do festival aconteceu neste sábado, no Berlinale Palast, com a presença do diretor, da produtora Rachel Daisy Ellis e dos atores Denise Weinberg e Rodrigo Santoro.
“O Último Azul” se passa na Amazônia e retrata um futuro em que o governo transfere idosos para uma colônia habitacional destinada aos seus últimos anos de vida. A protagonista, Tereza (interpretada por Denise Weinberg), embarca em uma jornada para realizar um desejo antes de sua transferência compulsória. O elenco principal conta ainda com Adanilo e a atriz cubana Miriam Socarrás. O filme teve sua estreia mundial na Berlinale em 16 de fevereiro e recebeu aplausos do público.
Mascaro já participou da Berlinale em 2019 com “Divino Amor”, exibido na Mostra Panorama. “O Último Azul” é o primeiro filme brasileiro a concorrer ao Urso de Ouro desde 2020. O Brasil já venceu o prêmio com “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, e “Tropa de Elite” (2008), de José Padilha.
Mais prêmios
Antes da cerimônia oficial, “O Último Azul” já havia ganhado dois prêmios dos júris paralelos: o Prêmio do Júri Ecumênico e o Prêmio do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost.
O Prêmio do Júri Ecumênico reconhece filmes que abordam temas espirituais, humanos ou sociais alinhados com os valores dos Evangelhos. Mascaro destacou a importância da premiação, mencionando desafios enfrentados no Brasil em relação à aceitação da diversidade religiosa e cultural.
“Eu venho de um país onde temos enfrentado esses desafios sobre a aceitação de diferentes perspectivas e religiões. Estou muito emocionado em ver todos unidos pelo cinema, pela arte e diversidade. Estou muito feliz por ter conquistado esse prêmio!”, relatou Gabriel.
O Prêmio do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost é concedido por um grupo de 12 leitores do jornal alemão, que escolhem um filme da competição oficial. O júri elogiou “O Último Azul” por sua abordagem sobre envelhecimento, liberdade e amizade em um cenário distópico. Em seu discurso de agradecimento, Mascaro enfatizou a relevância do reconhecimento do público e da imprensa para a valorização do cinema.
“O Último Azul” tem previsão de lançamento nos cinemas brasileiros em 2025, com distribuição da Vitrine Filmes. A produção é assinada pela Desvia (Brasil) e Cinevinay (México), com coprodução da Globo Filmes, Quijote Films (Chile) e Viking Film (Países Baixos). Rachel Daisy Ellis e Sandino Saravia Vinay, produtor associado de “Roma”, de Alfonso Cuarón, integram a equipe de produção.
Mais cinema brasileiro
Também na 75ª Berlinale, “Hora do Recreio”, documentário escrito, produzido e dirigido por Lucia Murat (“O Mensageiro”), recebeu Menção Especial do Júri Jovem da Mostra Generation 14 plus. A diretora e a atriz Brenda Viveiros, que interpreta Clara, personagem do livro “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, subiram ao palco para receber a honraria.
O longa levanta discussões sobre a educação pública no Brasil sob a perspectiva de alunos dos ensinos fundamental e médio. A estreia mundial em Berlim ocorreu no dia 16 de fevereiro. “Esse prêmio é especial porque vem da juventude! Dedico essa conquista a todos os jovens que lutam por um mundo melhor e pela paz, pois precisamos muito”, ressaltou Lucia Murat ao ser premiada.
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Segundo o júri: “‘Hora do Recreio’ é um filme cujos visuais, por si só, tiveram um impacto profundo em nós. Ao abordar temas importantes a partir de uma combinação de diversas formas artísticas e ter uma narrativa clara e estruturada, ele nos levou a uma jornada emocional que ressoou profundamente, ao mesmo tempo em que oferece uma visão esperançosa e inspiradora para o futuro. Com uma narrativa simbólica, mas de fácil acesso, é um filme essencial para os nossos tempos, retratando as lutas contra a discriminação sistêmica, a desigualdade e a violência, enquanto fornece uma plataforma para destacar a resiliência e as contribuições para a sociedade. Um filme que merece mais discussão e reconhecimento”.