A atriz e diretora Helena Ignez será homenageada na mostra “A Mulher da Luz Própria”, que acontece entre 20 de março e 4 de abril no Cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas, em Belo Horizonte. Pela primeira vez, todos os filmes dirigidos por Ignez serão exibidos em um único evento, acompanhados por obras em que ela atuou e títulos que marcaram sua trajetória no cinema brasileiro. A programação inclui sessões comentadas, uma oficina de atuação e uma edição especial da revista Vai e Vem dedicada à artista. Os ingressos são gratuitos, com retirada presencial uma hora antes de cada sessão.
A curadoria da mostra, assinada por Samuel Marotta e Ewerton Belico, se organiza em três eixos: a produção de Ignez como diretora, sua atuação como atriz e filmes de outros diretores escolhidos por ela. A cineasta, que iniciou sua carreira de direção no início dos anos 2000, tem uma filmografia composta por um curta-metragem, quatro médias e sete longas, que serão exibidos na retrospectiva. Entre os títulos presentes na mostra estão “Reinvenção da Rua” (2003) e “A Alegria é a Prova dos Nove” (2023).
Além da exibição integral da filmografia de Helena Ignez como diretora, a mostra destaca a importância dela como atriz em filmes que marcaram o cinema brasileiro. Obras como “O Pátio” (1959), de Glauber Rocha, “Cara a Cara” (1967), de Júlio Bressane, e diversos trabalhos de Rogério Sganzerla, incluindo “O Bandido da Luz Vermelha” (1968) e “A Mulher de Todos” (1969), fazem parte da programação. Também serão exibidos filmes contemporâneos que reafirmam a presença da artista no cinema atual, como “O Mel é Mais Doce que o Sangue”, de André Guerreiro Lopes, e “Helena de Guaratiba”, de Karen Black.
“Helena Ignez participa diretamente da profunda renovação vivida pelo cinema brasileiro ao longo dos anos 60 e 70, responsável por produzir muito do que de mais ousado e transformador se realizou ao longo da trajetória cinematográfica do Brasil. Helena é ainda uma criadora em pleno diálogo com o presente, tanto como diretora — em uma carreira iniciada tardiamente, e que já completa mais de 20 anos — quanto atriz, em uma história que ultrapassa seis décadas de contínuo embate para a emergência do novo”, afirmam os curadores.
Outro destaque da mostra é a exibição de documentários que abordam a trajetória de Helena Ignez, como “Belair”, de Bruno Safadi, e “A Mulher da Luz Própria”, dirigido por Sinai Sganzerla. Além disso, ela assume o papel de curadora ao selecionar cinco filmes que marcaram sua trajetória, assinados por cineastas como Orson Welles, Billy Wilder, Jean-Luc Godard, Stanley Kubrick e Glauber Rocha.
Complementando a programação, a atriz Bárbara Vida ministra uma oficina de atuação entre 20 e 23 de março, no período da tarde. A oficina será voltada à linguagem performática no cinema, com exercícios práticos e exibição de trechos de filmes.
“Isso é ser atriz para mim, ser atora. Eu não gosto da palavra atriz. Isso é ser ator. Ser atora. É ser altamente criativo, ser um elemento vivo que dialoga com a câmera independente do diretor, não é? Então, era impossível não ser assim. Era impossível não ser performática, não ser ativa, não ser criadora, não ser autora. Isso para mim era a essência, a essência. Eu, primeiro, conheço os meus atores, sei quem são eles e são escolhidos para render. E depois é muito amor e liberdade. Só isso, grande amor e liberdade. Exigência nisso que vão fundo, que vão fundo”, afirma Helena.

Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.