Ícone do site cinematório

Oscar 2025: “Ainda Estou Aqui” vence 1ª estatueta do Brasil e “Anora” leva quase tudo

"Ainda Estou Aqui" (2024), de Walter Salles - Foto: Alile Dara Onawale

Foto: Alile Dara Onawale/Divulgação

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou na noite desse domingo (02/03) os vencedores do Oscar 2025. “Ainda Estou Aqui” foi o grande vencedor da categoria Melhor Filme Internacional e conquistou a primeira e tão sonhada estatueta para o Brasil.

“Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva (confira nosso podcast e nossa crítica), concorria ainda na categoria principal, de Melhor Filme, mas “Anora” ganhou e consolidou sua noite vitoriosa. Vencedora do Globo de Ouro, Fernanda Torres também foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, mas Mikey Madison, de “Anora”, foi a premiada.

“Anora” ganhou ao todo cinco das seis estatuetas a que concorria. A única derrota foi na categoria Melhor Ator Coadjuvante, que teve como vencedor Kieran Culkin, de “A Verdadeira Dor”.

Oscar histórico

Diretor, roteirista, montador e produtor, Sean Baker igualou o recorde de Walt Disney ao ganhar quatro estatuetas em uma única edição do Oscar. Porém, em 1953, Disney foi premiado por quatro filmes diferentes: o longa documental “The Living Desert” e os curtas “The Alaskan Eskimo” (documentário), “Toot, Whistle, Plunk and Boom” (animação) e “Bear Country” (live-action). Baker por sua vez é o primeiro cineasta a vencer quatro estatuetas pelo mesmo filme e em quatro categorias das mais importantes da premiação: Filme, Direção, Roteiro Original e Montagem.

Em 2020, Bong Joon-Ho também subiu ao palco quatro vezes por “Parasita”, porém, de acordo com as regras da Academia, o Oscar de Melhor Filme Internacional vai para o país, e não para um único indivíduo.

Voz forte do cinema independente contemporâneo nos EUA, Baker superou quase uma dezena de cineastas que ganharam as estatuetas de Melhor Filme, Direção e Roteiro (adaptado ou original) no mesmo Oscar. Além de Joon-ho, o feito foi alcançado antes por Billy Wilder (“Se Meu Apartamento Falasse”), Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão Parte II”), James L. Brooks (“Laços de Ternura”), Alejandro González Iñárritu (“Birdman”), Peter Jackson (“O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”), os irmãos Coen (“Onde os Fracos Não Têm Vez”) e os Daniels (“Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”).

"Anora" (2024), de Sean Baker - Universal Pictures/Divulgação
“Anora” (2024), de Sean Baker – Universal Pictures/Divulgação

A noite histórica do Oscar foi marcada ainda pela vitórias de Zoe Saldaña como Melhor Atriz Coadjuvante por “Emilia Pérez” (primeira mulher de origem dominicana a vencer a estatueta), Paul Tazewell como Melhor Figurinista por “Wicked” (primeiro homem negro a vencer este prêmio) e “Flow” como Melhor Animação (primeiro longa independente a ganhar nesta categoria).

O Brasil no Oscar

O cinema brasileiro não era indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional desde 1999, quando competiu com “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles. Na ocasião, Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, também foi indicada a Melhor Atriz.

Nos anos seguintes, o cinema brasileiro esteve presente no Oscar em 2004 com “Cidade de Deus” (Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Fotografia e Montagem); em 2016 com “O Menino e o Mundo” (Melhor Animação); e em 2020 com “Democracia em Vertigem” (Melhor Documentário). “Ainda Estou Aqui” é a primeira produção nacional a ser indicada a Melhor Filme e, simultaneamente, a Melhor Filme Internacional.

Vale lembrar que “O Beijo da Mulher Aranha”, coproduzido por Brasil e Estados Unidos, foi indicado a Melhor Filme em 1986, mas apenas com produtores estrangeiros. O longa também foi indicado a Melhor Direção, mas Hector Babenco é argentino, naturalizado brasileiro. Outras coproduções das quais o Brasil participou e que concorreram ao Oscar foram os documentários “Raoni” (1979), “Lixo Extraordinário” (2011) e “O Sal da Terra” (2015).

Até 2019, a categoria Melhor Filme Internacional se chamava Melhor Filme em Língua Estrangeira. Antes de “Ainda Estou Aqui” e “Central do Brasil”, o cinema brasileiro concorreu à estatueta com “O Pagador de Promessas” (1963), “O Quatrilho” (1996) e “O Que é Isso, Companheiro?” (1998). O filme “Orfeu Negro” ganhou o Oscar nessa categoria em 1960, mas, apesar de ter coprodução brasileira, representou a França na premiação.

"Central do Brasil" (1998), de Walter Salles - Foto: Videofilmes/Divulgação
“Central do Brasil” (1998), de Walter Salles – Foto: Videofilmes/Divulgação

Mais Brasil no Oscar: em 2001, “Uma História de Futebol”, de Paulo Machline, se tornou o primeiro curta nacional a ser indicado à premiação; em 2005, a coprodução internacional “Diários de Motocicleta”, de Walter Salles, concorreu a Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original (tendo vencido nesta categoria, com “Al otro lado del río”, de Jorge Drexler); e em 2018, “Me Chame Pelo Seu Nome”, que tem o brasileiro Rodrigo Teixeira entre os produtores, foi indicado a Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Canção Original e venceu como Melhor Roteiro Adaptado.

Profissionais brasileiros indicados ao Oscar, mas por produções estrangeiras, são o compositor Ary Barroso, com a canção “Rio de Janeiro”, do musical “Brazil” (1944, EUA); a diretora Tetê Vasconcelos, com o documentário “El Savador: Outro Vietnã” (1981, EUA); a diretora de arte Luciana Arrighi, com “Retorno da Howards End” (1992, EUA/Reino Unido), “Vestígios do Dia” (1993, EUA) e “Anna e o Rei” (1999, EUA); o diretor Carlos Saldanha, com as animações “Gone Nutty” (2003, curta, EUA) e “O Touro Ferdinando” (2018, EUA); os compositores Sérgio Mendes e Carlinhos Brown, com a canção “Real in Rio”, da animação “Rio” (2011, EUA); e o diretor Pedro Kos, com o curta documental “Lead Me Home” (2021, EUA).

Lista de vencedores do Oscar 2025

Os líderes em número de prêmios no Oscar 2025 são: “Anora”, com cinco; “O Brutalista”, com três; “Emilia Pérez”, “Wicked” e “Duna: Parte 2”, com dois cada. “Conclave” e “A Substância”, outros dois fortes concorrentes deste ano, ficaram com apenas uma estatueta cada. Entre os demais indicados a Melhor Filme, “Um Completo Desconhecido” e “Nickel Boys” foram os únicos que ficaram sem prêmios.

Confira todos os filmes e artistas que concorriam e os vencedores (em negrito) do Oscar 2025:

Melhor filme

  • Ainda Estou Aqui
  • Anora
  • O Brutalista
  • Um Completo Desconhecido
  • Conclave
  • Duna: Parte 2
  • Emilia Pérez
  • Nickel Boys
  • A Substância
  • Wicked

Melhor direção

  • Brady Corbet, “O Brutalista”
  • Coralie Fargeat, “A Substância”
  • Jacques Audiard, “Emilia Pérez”
  • James Mangold, “Um Completo Desconhecido”
  • Sean Baker, “Anora”

Melhor ator

  • Adrien Brody, “O Brutalista”
  • Colman Domingo, “Sing Sing”
  • Ralph Fiennes, “Conclave”
  • Sebastian Stan, “O Aprendiz”
  • Timothée Chalamet, “Um Completo Desconhecido”

Melhor atriz

  • Cynthia Erivo, “Wicked”
  • Demi Moore, “A Substância”
  • Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui”
  • Karla Sofía Gaston, “Emilia Pérez”
  • Mikey Madison, “Anora”

Melhor ator coadjuvante

  • Edward Norton, “Um Completo Desconhecido”
  • Guy Pearce, “O Brutalista”
  • Jeremy Strong, “O Aprendiz”
  • Kieran Culkin, “A Verdadeira Dor”
  • Yura Borisov, “Anora”

Melhor atriz coadjuvante

  • Ariana Grande, “Wicked”
  • Felicity Jones, “O Brutalista”
  • Isabella Rossellini, “Conclave”
  • Monica Barbaro, “Um Completo Desconhecido”
  • Zoe Saldaña, “Emilia Pérez”

Melhor roteiro original:

  • Anora
  • O Brutalista
  • Setembro 5
  • A Substância
  • A Verdadeira Dor

Melhor roteiro adaptado:

  • Um Completo Desconhecido
  • Conclave
  • Emilia Pérez
  • Nickel Boys
  • Sing Sing

Melhor montagem

  • Anora
  • O Brutalista
  • Conclave
  • Emilia Pérez
  • Wicked

Melhor fotografia

  • O Brutalista
  • Duna: Parte 2
  • Emilia Pérez
  • Maria
  • Nosferatu

Melhor filme internacional

  • Ainda Estou Aqui (Brasil)
  • Emilia Pérez (França)
  • Flow (Letônia)
  • A Garota da Agulha (Polônia)
  • A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha)

Melhor animação

  • Divertida Mente 2
  • Flow
  • Memórias de um Caracol
  • Robô Selvagem
  • Wallace & Gromit: A Vengança

Melhor documentário

  • Black Box Diaries
  • Sem Chão (No Other Land)
  • Porcelain War
  • Sugarcane: Sombras de um Colégio Interno
  • Trilha Sonora para um Golpe de Estado

Melhor trilha original

  • O Brutalista
  • Conclave
  • Emilia Pérez
  • Robô Selvagem
  • Wicked

Melhor canção original

  • “El Mal”, de “Emilia Pérez”
  • “The Journey”, de “Batalhão 6888”
  • “Like a Bird”, de “Sing Sing”
  • “Mi Camino”, de “Emilia Pérez”
  • “Never Too Late”, de “Elton John: Never Too Late”

Melhor som

  • Um Completo Desconhecido
  • Duna: Parte 2
  • Emilia Pérez
  • Robô Selvagem
  • Wicked

Melhor figurino

  • Um Completo Desconhecido
  • Conclave
  • Gladiador 2
  • Nosferatu
  • Wicked

Melhor maquiagem e penteados

  • Emilia Pérez
  • Um Homem Diferente
  • Nosferatu
  • A Substância
  • Wicked

Melhor direção de arte

  • O Brutalista
  • Conclave
  • Duna: Parte 2
  • Nosferatu
  • Wicked

Melhores efeitos visuais

  • Alien: Romulus
  • Better Man
  • Duna: Parte 2
  • Planeta dos Macacos: O Reinado
  • Wicked

Melhor curta

  • A Lien
  • Anuja
  • I’m Not A Robot
  • The Last Ranger
  • The Man Who Could Not Remain Silent

Melhor curta animado

  • Beautiful Men
  • In The Shadow Of The Cypress
  • Magic Candies
  • Wander To Wonder
  • Yuck!

Melhor curta documental

  • Death By Numbers
  • I Am Ready, Warden
  • Incident
  • Instruments of a Beating Heart
  • The Only Girl in the Orchestra

indicados oscar 2025

indicados oscar 2025

indicados oscar 2025

Sair da versão mobile