A espera tem dia e horário para acabar e já estamos quase lá: a HBO e o streaming Max lançam a segunda temporada de “The Last of Us”, com sete episódios semanais, a partir do próximo domingo, dia 13 de abril, às 22 horas (horário de Brasília). Em coletiva de imprensa realizada de forma híbrida – jornalistas presentes em Hollywood e outros acompanhando por videoconferência, como foi o caso do cinematório –, os criadores Craig Mazin e Neil Druckmann, junto com o elenco, deram um gostinho do que vem por aí. Se a primeira temporada já mexeu com o público, os novos episódios prometem ir ainda mais fundo na história de Ellie e Joel.
O elenco de retorno da segunda temporada inclui Pedro Pascal como Joel, Bella Ramsey como Ellie, Gabriel Luna como Tommy, o irmão de Joel, e Rutina Wesley como Maria, uma das lideranças da comunidade de Jackson, no Wyoming, e esposa de Tommy. Entre os novos nomes estão: Kaitlyn Dever (“Fora de Série”) como Abby, integrante dos Vagalumes, grupo que se opõe à Agência Federal de Resposta a Desastres; Jeffrey Wright (“Ficção Americana”) como Isaac; Isabela Merced (“Alien: Romulus”) como Dina; Young Mazino (“Treta”) como Jesse; Tati Gabrielle (“Você”, “O Mundo Sombrio de Sabrina”) como Nora; e Danny Ramirez (“Capitão América: Admirável Mundo Novo”) como Manny. A espirituosa Catherine O’Hara (“Os Fantasmas Ainda se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice”) também fará uma participação especial.
Escolhas difíceis, emoções e catarses
Segundo Mazin e Druckmann – que além de criadores, são produtores, diretores e roteiristas, a nova temporada mantém a fidelidade ao jogo “The Last of Us Parte II”, mas com mudanças narrativas para dar mais corpo à trama. O foco? As consequências do final da primeira temporada e os dilemas morais que agora pesam sobre os protagonistas. O que acontece depois do “fim” nunca é simples. Cinco anos se passaram desde os eventos da primeira temporada. Joel e Ellie agora enfrentam um mundo ainda mais perigoso e imprevisível, ao mesmo tempo em que lidam com conflitos internos que desafiam a relação construída até aqui.
Pedro Pascal e Bella Ramsey falaram sobre o desafio de retornar ao universo de “The Last of Us”. Pascal destacou a tensão crescente entre Joel e Ellie como um dos principais motores da segunda temporada, descrevendo a distância entre os personagens como “incrivelmente dolorosa”. Apesar disso, ele conta que o clima no set seguia leve, com espaço para risadas e descontração, algo que descreve como reconfortante. É “como voltar para casa”, afirmou. Ainda segundo o ator, sua mentalidade era de gratidão, mas também de grande envolvimento emocional: essa foi a experiência mais difícil de separar da própria vivência, a ponto de, como ele diz, “meio que sentir a dor deles”.
Ramsey também comentou sobre essa mudança na relação dos personagens e o impacto disso em cena: “Nós simplesmente tivemos que não gostar um do outro por um tempo. Muita coisa mudou nesses cinco anos, a Ellie tinha 14 anos, agora tem 19. E, como acontece com qualquer adolescente, esses são anos formativos, de transformação. Claro, há razões mais profundas por trás da tensão entre eles, da pequena rixa. E, sinceramente, não foi nada agradável me sentir distante do Pedro durante uma cena. Essa sensação de afastamento, quando as câmeras estavam gravando, não foi boa”, analisa.
A narrativa, no entanto, não se limita à jornada dos protagonistas. Para Pascal e Gabriel Luna, “The Last of Us” se destaca pelo diálogo com questões da sociedade. “Acho que existe um forte elemento de catarse em tudo isso”, enfatizou Luna. “Na primeira temporada, havia o receio de que o público estivesse cansado de histórias sobre pandemias, mas, na verdade, a experiência coletiva recente acabou servindo como um ponto de conexão com a série. Já a segunda temporada, assim como o segundo jogo, lida com temas profundos sobre conflito — de onde eles vêm, quem os inicia, em que ponto a vingança é interrompida. Estamos vivendo em um mundo onde essas questões estão mais presentes do que nunca, e é por isso que a catarse continua sendo algo essencial”, Luna reflete.
Sobre emoções fortes e catarse, vale lembrar do terceiro episódio da primeira temporada, “Long, Long Time” (com Nick Offerman como Bill e Murray Bartlett como Frank) que é, sem dúvida, um dos mais memoráveis (se não, o mais) da série. Será que teremos outro episódio assim este ano? Segundo Craig Mazin, “não dá pra simplesmente tentar recriar isso na segunda temporada, as coisas precisam acontecer do jeito certo, no tempo certo”. Mas ele continua: “O que posso dizer é que há um episódio lindíssimo, dirigido pelo Neil [Druckmann]. Não é o ‘Bill e Frank’, mas tem sua própria identidade, sua própria força, porque precisava ser assim. Então… só aguardem!”
Novas peças no tabuleiro
Outra novidade esperada era a introdução de Abby, personagem central da sequência do jogo. Quem assume o papel é Kaitlyn Dever. Embora os detalhes sobre sua participação sejam mantidos sob sigilo, os criadores da série reforçaram que sua chegada literalmente muda o jogo. A segunda temporada também amplia o olhar sobre as comunidades sobreviventes, explorando novas facções e os dilemas éticos que surgem em um mundo onde cada decisão pode custar caro. No aspecto visual, a série continua apostando na imersão: segundo os showrunners, a ambientação segue sendo um dos pilares da produção, essencial para que o público sinta de forma realista como é viver nesse cenário devastado.
Apesar da densidade do universo diegético, os bastidores trouxeram a leveza necessária. Kaitlyn Dever, presente na coletiva de imprensa, falou sobre sua experiência ao integrar o elenco e descreveu o processo como acolhedor: “Eu estava nervosa, ansiosa, mas também muito animada, pois sou fã do jogo e da série há muito tempo. O universo de ‘The Last of Us’ é enorme, e eu senti essa grandeza desde os testes de figurino, a preparação, até chegar ao set. No set, tudo ainda parecia muito grande, mas eu me senti menos nervosa só por causa desse grupo maravilhoso de pessoas e do apoio de Craig e Neil. Realmente me senti como se estivesse sendo cuidada de uma forma que eu nunca tinha experimentado antes. Foi emocionante como pessoa e como atriz”.
Isabela Merced, que interpreta Dina, compartilhou sentimento semelhante de acolhimento e inspiração: “Eu realmente sinto que fui vista pelos seus olhos, Craig e Neil! E esse é o tipo de ambiente muito bom para florescer como ator e atriz”, afirmou. Young Mazino, que dá vida à Jesse, reforçou a atmosfera positiva em torno dos bastidores e da equipe: “Eu me considerei incrivelmente sortudo. Sou realmente grato a todos por terem sido tão receptivos desde o começo. Fazer parte da segunda temporada de algo que já vinha tão bem estabelecido é uma responsabilidade e tanto. E foi muito especial perceber a confiança que o Craig e o Neil depositaram em mim.”
Expectativas
Com um orçamento maior e um compromisso assumido de manter o equilíbrio entre ação e drama, a produção quer surpreender tanto os fãs do jogo quanto quem conheceu essa história pela TV. A primeira temporada se mostrou uma adaptação fiel e, ao mesmo tempo, trouxe inovações. Confira nosso podcast sobre ela aqui! E tudo indica que de agora em diante esse equilíbrio será ainda mais desafiador. Mas ninguém parece titubear em autoconfiança. A terceira temporada, veja só, foi confirmada na última quarta-feira (09/04), antes mesmo do lançamento da segunda. O que demonstra que, além de satisfeitos, estão todos muito empolgados com o trabalho que tem sido realizado. “Abordamos a segunda temporada com o objetivo de criar algo de que pudéssemos nos orgulhar. Os resultados finais superaram até mesmo nossas metas mais ambiciosas”, celebrou Craig Mazin.
Os episódios serão exibidos semanalmente na HBO e estarão disponíveis no Max. No streaming, a transmissão contemplará a Língua Americana de Sinais (ASL). Se o impacto for parecido com o da primeira temporada, prepare-se para muitas teorias, debates e corações apertados.
Editora, crítica de cinema e podcaster do Cinematório. Filiada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), membra das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e votante do Globo de Ouro. Jornalista formada pela UFMG com monografia intitulada Cinema de Gênero e de Autora: Um Olhar Sobre a Obra de Gabriela Amaral Almeida. É cria dos anos 90 e do interior de Minas.