Diversas análises sobre “Janela Indiscreta” (Rear Window, 1954) já foram feitas ao longo das décadas, em especial destacando a metáfora do voyeurismo: a curiosidade patológica por tudo o que é privado ou íntimo. No filme de Alfred Hitchcock, uma de suas obras-primas, o voyeurismo é colocado como fator que move o cinema. Hitchcock afirma, assim, que somos todos curiosos pela vida dos outros e o cinema nos permite olhar pela janela sem sermos notados. E o espectador se encontra em uma posição muito mais confortável que a do fotógrafo Jeff, vivido por James Stewart. Nós não corremos o risco de os personagens na tela nos flagrarem olhando para eles, embora, assim como o protagonista, que quebrou a perna e está numa cadeira de rodas, o espectador também esteja praticamente imobilizado na poltrona do cinema, sem poder fugir (daí se tira o impacto que a quebra da quarta parede pode causar).
Nas quase quatro décadas que separam “Spotlight” de “Todos os Homens do Presidente”, o Jornalismo passou por várias e permanentes transformações. As novas tecnologias ditaram os rumos da atividade jornalística, sendo que há um período crítico que o vencedor do Oscar deste ano não retrata.