Um dos talentos que eu mais admiro em Jorge Furtado é o bom humor presente em seus filmes, sempre usado com originalidade e acidez e associado a questões morais, éticas e políticas. Em “Real Beleza”, o cineasta gaúcho se distancia dessa característica e nos apresenta um drama mais "convencional", digamos.
Para as pessoas que cresceram ouvindo todos os álbuns da Legião Urbana e decoraram todas as letras (e arranhões dos velhos vinis), a emoção é inevitável.
"Faroeste Caboclo", na voz de Renato Russo, se transformou em inúmeros filmes na cabeça de pelo menos três gerações inteiras que imaginaram a trajetória errante de João de Santo Cristo e seu romance proibido com Maria Lúcia, atravancado pelo maconheiro sem-vergonha Jeremias. Finalmente, a música ganhou sua versão ilustrada pela visão do diretor estreante René Sampaio e dos roteiristas Victor Atherino e Marcos Bernstein, curiosamente, os mesmos que escreveram "Somos Tão Jovens", a cinebiografia do líder da Legião Urbana, que faz uma boa sessão dupla com esta adaptação de uma das músicas de maior sucesso da banda. A ação, aliás, é espertamente situada no mesmo universo, como se estivesse acontecendo paralelamente à juventude do músico (os shows das bandas universitárias ao fundo, o grupo de amigos tocando violão num banco de praça).