Em seu 50º filme, Woody Allen se refere a si mesmo e às características de sua filmografia. "Golpe de Sorte em Paris" aborda romance, infidelidade e crime na capital francesa.
Woody Allen é um diretor de um só repertório? Sim e não. É evidente que seus temas são recorrentes (e não repetidos), bem como seus personagens, com algumas variações aqui e ali. Porém, o que pode nos escapar em um primeiro momento é a intenção de Allen ao rearranjar seus brinquedos na areia.
Convidado pelo amigo Fernando Tibúrcio, participei mais uma vez do programa Agenda, da Rede Minas, desta vez para falar sobre o mais recente filme do Woody Allen, "Café Society" -- que segue em cartaz nos cinemas um mês depois da estreia.
Apesar de não ser visto em pessoa na frente da câmera, estando presente no elenco apenas com a voz, fazendo a narração em off da história, Woody Allen impregnou cada fotograma de "Café Society" com as características que fazem seus filmes serem tão únicos. Por isso mesmo, aliás, os filmes de Allen se tornaram passíveis de cópias que ele próprio, inclusive, não conseguiu fazer se aproximarem de seus maiores êxitos. E por mais autorreferencial que seja, "Café Society" é um feliz caso em que os elementos do estilo do cineasta estão em harmonia.
Os destaques que vêm a seguir incluem "Amor & Amizade", do cultuado diretor Whit Stillman ("Metropolitan", "Os Últimos Embalos da Disco"); "Brasil S/A", novo filme de Marcelo Pedroso ("Pacific"), que aborda a convulsão política e econômica vivida pelo Brasil nos últimos três anos; o policial francês "Conexão Francesa", com Jean Dujardin (já recomendado no Telescópio de julho, mas que acabou sendo adiado em cima da hora); o bem cotado filme de ação sul-coreano "Um Dia Difícil"; o documentário "Francofonia", dirigido por ninguém menos que Alexander Sokurov; e, fechando o mês, ainda tem "Café Society", mais recente trabalho do Woody Allen, que abriu Cannes este ano.