Esta é a história de Frankie Wilde, um DJ que viveu de extremos em sua carreira. Na estrada do sucesso e da soberba, ele engata a quinta marcha e não consegue reduzir a tempo de fazer a curva, encontrando a queda livre quando um grave problema de audição rapidamente o deixa surdo. Privado do sentido que dava razão à sua vida, ele entra num período de reclusão e precisa juntar forças para reencontrar seu caminho.
O letreiro inicial dá conta de que o filme é baseado em uma história real, o que facilmente leva o espectador a acreditar que Wilde existe fora da tela (e eu acreditei). Contudo, o aviso é apenas parte da brincadeira. Embora possam ser encontrados registros de DJs que sofreram de problemas de surdez devido à profissão, uma história que possivelmente serviu como uma base maior para a concepção do personagem é a de um famoso compositor que todos nós conhecemos: Ludwig van Beethoven.
Seja qual for a fonte, o importante é que “Ritmo Acelerado” consegue fazer com que Wilde praticamente seja uma pessoa real – o que não seria possível sem a performance arrebatadora do inglês Paul Kaye. Não importa se um filme é uma cinebiografia se o ator principal não nos consegue convencer de que ele É o personagem biografado. Pois, aqui, Kaye faz mais do que isto: ele nos convence de que é alguém que não existe. Como resultado, você passa a se importar com Wilde à medida em que sua história é contada, e quando acontece a sua “volta à cena”, chega a ser tocante.
Com ótima direção do canadense Michael Dowse e belas imagens captadas pelo fotógrafo húngaro Balazs Bolygo, sem falar na trilha sonora (que não contém somente música eletrônica, vale avisar a quem não é fã), “Ritmo Acelerado” é uma grata surpresa, injustamente subestimada por distribuidores. O filme finalmente está disponível em DVD no Brasil pela Califórnia Filmes, portanto, palmas para a empresa.

Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.